Mariana e Ouro Preto possuem importantes museus que guardam e preservam acervos que contam mais de três séculos de história. Dentre eles, destacamos: em Mariana, o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, fundado em 1962 pelo Arcebispo Dom Oscar de Oliveira, reunindo antigos objetos de culto, recolhidos após o Concílio Vaticano II e o Museu da Música de Mariana, criado em 1973, localizado no Palácio Episcopal, e cujo acervo reúne partituras e documentos raros dos séculos XVIII e XIX.

Em Ouro Preto, há o Museu de Arte Sacra, cuja organização remete ao Cônego José Feliciano da Costa Simões e reúne valioso patrimônio religioso. Outro museu ligado à Arte Sacra é o do Aleijadinho, localizado nas dependências das igrejas São Francisco de Assis e Matriz Nossa Senhora da Conceição. Há ainda, o Museu Boulieu que possui valioso acervo de peças sacras originárias de variadas regiões do mundo, doadas pelo casal Maria Helena de Toledo e Jacques Boulieu à Arquidiocese de Mariana.

CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE OS MUSEUS…

A VII Semana Dom Luciano, com o tema “280 Anos da Arquidiocese de Marina”, tem como finalidade promover um resgate da história, cultura e religiosidade da Arquidiocese de Mariana ao longo dos anos, desde sua criação até a contemporaneidade. Realizando pesquisas em relação à arte sacra, arquitetura, cultura, dentre outros fatores de grande importância para a Igreja e para Minas Gerais. A iniciativa desse evento parte dos 750 anos do falecimento de São Tomás de Aquino, que se constitui como um grande incentivo às pesquisas filosóficas e históricas.

A entrevista foi realizada pelo discente do segundo período de Filosofia da Faculdade Dom Luciano Mendes, Wesley Lopes Dumont, tendo como convidada especial a museóloga Fabiana Martins Souza (Bacharel em Museologia pela Universidade Federal de Ouro Preto), que atualmente exerce o seu ofício na Arquidiocese de Mariana desde 2020, com o objetivo de buscar informações sobre o Museu de Arte Sacra e Museu da Música, ambos localizados na cidade de Mariana (MG).

Ouça abaixo a entrevista da Museóloga Fabiana Martins Souza

A seguir, leia o discurso proferido pelo diretor Pe. Anderson Eduardo de Paiva, diretor do museu Arquidiocesano, na abertura do Centro Cultural Arquidiocesano Dom Frei Manoel da Cruz. A inauguração aconteceu na antiga casa Arquiepiscopal de Mariana, no dia 26 de julho de 2024. Padre Anderson ressaltou um pouco da história dos museus e a importância da preservação cultural e religiosa.

A Arquidiocese de Mariana, fazendo valer aquela que é sua missão, guardiã de um longo e importante acervo de fé, cultura e arte, vem hoje, diante da sociedade marianense, oferecer um espaço que propiciará a cultura, a educação e o lazer, princípios basilares de um corpo social.

O Centro Cultural Arquidiocesano, Dom Frei Manoel da Cruz, é um testemunho tangível da memória e do legado de pessoas, acontecimentos e épocas significativas. A importância deste Centro Cultural Arquidiocesano transcende o seu aspecto físico. Ele representa um compromisso vital com a preservação da história, da memória arquidiocesana e do legado aqui construído por aqueles que nos antecederam, ao longo dos último 328 anos.

Ao reapresentar este recinto à comunidade, a Arquidiocese de Mariana coloca à disposição da população um espaço que abriga três departamentos que dialogam entre si e se complementam reciprocamente: o Museu da Música; o Museu do Mobiliário e o Memorial dos Bispos de Mariana.

  • O Museu da Música, pensado e concretizado, por Dom Oscar de Oliveira, foi o primeiro, no brasil, em seu estilo. Conserva em seu arquivo um número significativo de manuscritos musicais: no catálogo encontra-se peça assinada por José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, considerado genial no seu tempo. Outros renomados compositores podem ser mencionados: o Pe. José Maurício Nunes Garcia e o Pe. João de Castro Lobo, ex aluno do Seminário da Boa Morte, aqui de Mariana, considerado o principal compositor mineiro no período colonial. O acervo manuscrito do Museu da Música é reconhecido com o Diploma do Registro Regional para a América Latina e o Caribe, título concedido pelo Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – Unesco, como certificação internacional, conferindo-lhe peculiar singularidade. O Museu da Música está em íntima consonância com a vocação musical existente no município de Mariana, que conta com 11 bandas de música e numerosas iniciativas musicais.
  • Museu do Mobiliário – evidencia objetos, móveis que compunham as residências episcopais dos prelados marianenses: mesas, cadeiras, canapés, cômodas, objetos decorativos em prata e porcelana. Este acervo está integrado neste espaço cultural, comunicando-se com aquilo que está ao seu entorno. Em suma, os museus que hoje são salientados, são instituições vitais que enriquecem a vida cultural, educacional e social das comunidades. Eles não apenas preservam e promovem o patrimônio cultural, artístico e científico, mas também inspiram, educam e estimulam o sadio desenvolvimento da cidade, tornando-se parceiros de tantas outras iniciativas congêneres existentes no município. Mais uma vez se faz necessário mencionar, a saudosa memória de Dom Oscar de Oliveira, que vislumbrou a possibilidade da Arquidiocese de Mariana manter vivo seu patrimônio de fé, artístico e cultural por meio dos museus.
  • Memorial dos Bispos – visa recontar, de maneira suscinta, um relato dos Bispos Marianenses, desde a chegada do primeiro prelado, que dá nome a este Centro Cultural Arquidiocesano – Dom Frei Manoel da Cruz. Mitras, báculos, cruzes peitorais, anéis, medalhas comemorativas, objetos pessoais, revelam um pouco dos costumes e modus vivendi dos Bispos de Mariana, até os dias hodiernos. Acomodar um memorial significa preservar a história, resgatar a notabilidade de algumas pessoas, promover a educação e a reflexão, fortalecer identidades coletivas e inspirar gerações futuras. Eles, os memoriais, são testemunhos poderosos da trajetória humana e devem ser valorizados como ferramentas essenciais para a construção de um futuro informado e consciente de sua própria história. Vale ressaltar que, este memorial foi desejado e efetivado por Dom Geraldo Lyrio Rocha, recordado, no dia de hoje, ao celebrarmos um ano de sua páscoa definitiva.

O Centro Cultural Arquidiocesano, Dom Frei Manoel da Cruz, ao reabrir suas portas, continuará cumprindo a sua missão e vocação: Guardião do patrimônio cultural, preservando tradições e expressões artísticas ligadas a Arquidiocese Primaz das Minas. Em breve, disporá também, de uma sala para exposições temporárias oportunizando o crescimento artístico e cultural dos marianenses e visitantes.

A reabertura no Centro Cultural Arquidiocesano, Dom Frei Manoel da Cruz, não é um evento isolado na valorização da história, da arte e da cultural, por parte da Arquidiocese de Mariana. Outras iniciativas são vislumbradas: o arquivo Eclesiástico de Mariana, que possui um acervo expressivo para o entendimento das Minas, da Arquidiocese de Mariana e por que não dizer do próprio Brasil. Outra iniciativa cultural, educacional, de grande importância para a cidade de Mariana, é oferecida pela Faculdade Dom Luciano Mendes, a Pós- Graduação, em História da Arte Sacra – Barroco e Rococó, único em seu gênero oferecido no Estado de Minas Gerais. Pode-se salientar ainda, o coro do Seminário São José e as aulas de música que ali são ministradas. 

Em um mundo cada vez mais conectado digitalmente, o Centro Cultural permanece como um epicentro físico de conexão humana. Ele nos lembra da importância de honrar nossas raízes enquanto abraçamos o futuro com esperança e criatividade. 

Um centro cultural não é apenas um espaço; é um testemunho vivo da riqueza da experiência humana, um farol de inspiração e um símbolo de nossa capacidade infindável de criar, celebrar, memorar. É um investimento valioso no futuro, garantindo que as heranças culturais e artísticas sejam apreciadas e transmitidas para as gerações futuras.

Chamo atenção ainda para a edificação que acolhe este Centro Cultural. Projetada na década de oitenta, por Éolo Maia, Sylvio Potestá e Jó Vasconcelos. Peculiar em sua arquitetura, dialogo harmonicamente com o que está ao seu entorno, na Praça Gomes Freire. É considerada um exemplar expressivo da arquitetura pós moderna no Brasil, sendo assim, constante objeto de estudos para estudantes de arquitetura e outras áreas afins. Foi residência episcopal dos seguintes arcebispos metropolitanos: Dom Oscar de Oliveira, seu idealizador; Dom Luciano Mendes de Almeida, servo de Deus; Dom Geraldo Lyrio Rocha; Dom Airton José dos Santos, que propicia a instalação, neste edifício, do Centro Cultural, Dom Frei Manoel da Cruz. 

Termino agradecendo a todos, não citarei nomes, para não ser injusto, que se desdobraram para que estivéssemos, hoje aqui, celebrando a cultura e a memória daqueles que com suas vidas e experiências desbravaram, em tempos difíceis, estas terras marianenses que se tornam, para nós, hoje, refúgio e manancial de história.

Outro momento foi a entrevista realizada com a participação especial da historiadora, museóloga e especialista em História da Arte Sacra, Valéria Tomé França, acerca dos três importantes museus de Arte e Sacra presente na cidade de Ouro Preto-MG

Ouça abaixo a entrevista da Historiadora e Museóloga Valéria Tomé França.

Parte 1

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