Manifestações de fé
Os festejos eram promovidos pelas associações de leigos (Irmandades e Ordens Terceiras) instituídas em altares laterais ou templos próprios, pela administração paroquial, coadjuvada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento nas igrejas paroquiais, adstritos ao caráter litúrgico, bem como pelo Senado da Câmara quando a localidade atingia a categoria de Vila ou Cidade, como Mariana, sede de Bispado a partir de 1745.
O fato de algumas festividades serem prerrogativa da Câmara não exclui o conteúdo religioso dessas celebrações oficiais, tendo em vista que as monarquias ibéricas eram católicas por excelência (Padroado Régio). Anuais ou extraordinários, os festejos envolviam sempre um sermão, a missa com a contratação de música, exposição do Santíssimo à adoração dos fiéis e à finalização com um Te Deum Laudamus.
Nos séculos XVIII e XIX, as festas em Minas Gerais eram eventos de grande importância social e religiosa, com destaque para o Corpus Christi; as festividades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; as festas do Divino Espírito Santo. Além dessas, há também a Semana Santa e os jubileus, como o de Congonhas. Essas celebrações eram marcadas por missas solenes, procissões, sermões e música sacra.
Entre as celebrações mais grandiosas que ocorreram no período colonial mineiro, destacam-se: o “Triunfo Eucarístico” em 1733, uma procissão solene em homenagem à Eucaristia, em seu retorno triunfal à Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Vila Rica (Ouro Preto); o “Áureo Trono Episcopal”, de 1748, cerimônia que marcava a chegada do primeiro bispo, Dom Frei Manoel da Cruz, a Mariana; e as “Exéquias de D. João V”, cumprindo a ordem da Corte e das Câmaras Municipais, para que se organizassem missas e outros eventos, marcando os ritos fúnebres do rei português falecido em 1750.