Notas Biográficas (1859-1933)
Nasceu no dia 20 de junho de 1859, na Fazenda do Monte Alegre, localidade situada, naquele tempo, no município de Mariana, Minas Gerais e, hoje, território do município de Barra Longa, MG. A infância e juventude do Servo de Deus foram marcadas por grande sofrimento e penúnia. Filho e irmão dedicado, ele não poupou nenhum sacrifício para ajudar a seus familiares. Tornou-se cantor no coro do Cabido de Mariana, remunerado, naquela época; realizou serviços agrícolas, dedicou-se à pintura de telas. Fez-se presente na doença e nos momentos finais da vida de dois de seus irmãos e do pai, vitimados e mortos pela febre tifo dentro de 19 dias. Retardou seu ideal de fazer-se sacerdote para custear as despesas do irmão, Côn. Antônio Artur Horta, então seminarista no Seminário de Mariana. Soube assistir à mãe viúva, sem deixar de socorrer os pobres que atendia. Estudava, inicialmente, em casa, sobretudo o latim e o grego. Seu professor era seu pai, ex-aluno do Colégio do Caraça. Foi acolhido, como serviçal, pelo bispo Dom Antônio Correa de Sá e Benevides que o preparou ao sacerdócio, ordenando-o em Santa Luzia do Rio das Velhas, No Recolhimento de Macaúbas. Dom Silvério e Dom Helvécio, sucessores de Dom Benevides, tinham Mons. Horta em alta estima. Fizeram-no seu secretário particular. No relacionamento com o povo, era considerado por todos como um santo. As Obras Sociais Mons. Horta, inspiradas na vida de Monsenhor Horta, perpetuam a sua caridade. Sua casa tornou-se verdadeiro lugar de romarias dos pobres. Assumia, como causa própria, a preocupação com todos aqueles que se sentiam esmagados pela pobreza ou pelas dores físicas ou existenciais. São numerosos os fatos que atestam esta caridade. Até mesmo em seus últimos dias, dizem-nos testemunhas, continuou irradiando, com um sorriso, a fé e a esperança na Vontade Divina. Aos que o procuram, ele escuta, responde, atende, dá conselhos, sem deixar transparecer fadiga e descontentamento, apesar de seus sofrimentos intensos e idade avançada. De fato, ele nasceu já debilitado e doente. Males agravados com a idade. Assumiu a cruz própria da fragilidade humana e das doenças, cruz que para ele era caminho para o céu e não mera teoria ou apologia do sofrimento. Deu sentido ao sofrimento, superando-o em benefício dos irmãos, sendo solidário até o fim. O seminarista Oscar de Oliveira – futuro arcebispo de Mariana – escrevera no dia do sepultamento de Monsenhor Horta:
Chora, Mariana, nos dolentes dobres
Destes sinos da velha catedral…
Ó Ribeirão do Carmo, que o ouro encobres,
Vai murmurando um canto funeral…
Mendigos de Mariana! Pobres, pobres,
Órfãos que sois nest´hora matinal…
Cristãos de nossa terra, humildes, nobres,
Jubilares, chorai de dor leal.
Que esta noite, às ocultas, rumo aos céus,
Serenamente, em Paz, vôo levanta,
As alturas, qual nívea pomba corta,
E no fulgor dos célicos troféus,
Inda a rezar por nós, vive a alma santa
De Mons. José Silvério Horta.
O Servo de Deus, Dom Luciano Mendes de Almeida obteve a autorização de Roma para abertura da fase diocesana do processo aos 15 de dezembro de 2004 e coube a Dom Geraldo Lyrio Rocha, seu sucessor, instaurar o Tribunal, presidindo a Sessão de Abertura dos trabalhos no contexto do Ano Sacerdotal, no dia 27 de março de 2010, na Sé Catedral de Mariana, ao final da Missa da Unidade, em presença do clero marianense e de numerosa assembleia de fiéis.
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Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Silv%C3%A9rio_Horta
Da autoria de Monsenhor Horta:
AEAM (=Arquivo Eclesiástico de Mariana). Correspondência ativa (1884-1932).
HORTA, José Silvério. Cartas, sermões, práticas e outros escritos, compilados por Francisco Horta. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas, 1939.
HORTA, José Silvério. Manuscrito autobiográfico, 1932.
Escritos sobre o Monsenhor Horta:
A Cruz, hebdomadário católico. Rio Branco, n. 103, 1 abr.1933.
Boletim Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana (1902 – 1933).
BUARQUE, Virgínia e PIRES, Tiago, Monsenhor José Silvério Horta e a Espiritualidade do Bom Pastor (1859 – 1933). Belo Horizonte, MG, ed. Fino Traço, 2012 (col. História).
COTTA, Augusta de Castro, cdp. Mons. José Silvério Horta: homem de Deus, perene dom de Mariana para o mundo. Mariana: Gráfica Dom Viçoso, 2004.
HORTA, Francisco. Monsenhor Horta: esboço biográfico. São João del Rei: Oficinas Gráficas Castelo, 1934.
LIRA, José Luís, Candidatos ao Altar, Fortaleza, ed. ABRHAGI, 2006.
TRINDADE, Côn. Raymundo, Arquidiocese de Mariana, 02 volumes, Belo Horizonte, Imprensa oficial, 1963.